Pêssach (Páscoa)

No capítulo 1º do livro de Shemôt (Êxodo) conta-se como iniciou o processo de escravidão dos hebreus sob o poder dos Faraós na terra do Egito; Pêssach (Páscoa), por sua vêz, comemora a libertação do povo dessa escravidão. A narrativa desse milagroso evento encontra-se no capítulo 12 do mesmo livro.

Pêssach é a primeira das festas bíblicas e deve ser celebrada de geração em geração (Êxodo 12:14). Ela é a festa que marca o início do calendário bíblico de Israel e delimita as datas de todas as outras festividades na Bíblia.
Páscoa (Pêssach, em hebraico) significa literalmente “passagem” (pois o Senhor “passou” sobre as casas dos filhos de Israel no Egito, poupando-os da morte - Ex 12:27). É uma festa instituída como um memorial para que os filhos de Israel não se esqueçam que um dia foram escravos na terra do Egito, e que o próprio Deus os libertou com mão poderosa, trazendo juízo aos deuses e ao Faraó (Ex 12).

Em Pessach celebra-se também o nascimento de um povo que entrou no Egito como uma família e se transformou numa nação. Um Código de Leis Divinas recebido no Monte Sinai, 50 dias após o Êxodo, tornou essa nação numa espécie de modelo para as demais.

Pessach foi celebrada pela primeira vez, às pressas, horas antes de Israel deixar o Egito; assim foi também com o Messias Yeshua quando aqui esteve em sua primeira vinda; em clima de angústia Ele celebrava com seus discípulos enquanto uma comitiva se aproximava para o prender. Ele celebrou Pessach em 13 de Aviv (Calendário Judaico) para no dia 14, (Jo 18:28) a tarde, ser morto (Jo 19). O Cordeiro pascal providenciado pelo próprio Adonai, não só para Israel, mas para toda humanidade. O sangue de Yeshua nos liberta e nos resgata da escravidão do pecado e nos sela como filhos de Deus. Em Cristo somos feitos novas criaturas, sem o fermento da malícia e da maldade.

O povo de Israel foi liberto do Egito para poder servir a Deus e ser luz para as nações. Da mesma forma, não apenas os judeus, mas todos os que são discípulos de Cristo são co-herdeiros e co-participantes das promessas e das alianças dadas por Deus a Israel, pois através do Messias e do Evangelho foram enxertados em Israel e são parte do mesmo corpo (judeus e não-judeus), a Família de Deus (Ef 3:6). O simbolismo da Páscoa é parte da mensagem no Novo Testamento, e toda a obra da Cruz se baseia no evento da Páscoa Judaica. Não se pode entender profundamente a obra da cruz sem o conhecimento dessa que é a mais simbólica das Festas bíblicas. Páscoa fala da nossa libertação para servirmos a Deus.

Segundo o relato bíblico o cordeiro da Páscoa deveria ser sacrificado na tardinha do dia 14 de Aviv (Nissan) e comido em um jantar familiar na noite que se seguia, após o pôr-do-sol, quando começa o dia 15 de Aviv (primeiro dia dos pães asmos). No jantar também deveria ter o pão asmo ou sem fermento (matzá, em hebraico) e ervas amargas. Durante toda a semana de Pêssach nenhum alimento fermentado é comido. Além do simbolismo espiritual que isso trás, foi assim determinado pelo Eterno para lembrar aos judeus a saída tão apressada dos seus antepassados do Egito, que os seus pães não tiveram tempo suficiente para levedar. O primeiro e o sétimo dia dos asmos são dias festivos de santa convocação. Os dias semi-festivos são conhecidos como “Chol HaMoed" (Dias Intermediários).

Em 14 de Aviv (da manhã ao pôr-do-sol) acontece também o tradicional Jejum dos Primogénitos, para lembra-nos do livramento do Eterno sobre os primogênitos dos filhos de Israel naquela noite no Egito.

Sefirat Ha Omer - Contagem do Ômer

Na segunda noite de Pêssach começa a “Contagem do Omer” (Levítico 23:10-15), um período de 49 dias ("sete semanas") entre Pessach (Páscoa) e Shavuot (Pentecostes) durante o qual oferendas especiais deveriam ser levadas ao Templo. Esse período coincide com a soma dos dias, desde a saída do Egito até a entrega da Torá no Monte Sinai. A tradição judaica ensina que isto simboliza a ligação espiritual entre Pessach e Shavuot.

Como a Páscoa era comemorada pelos antigos israelitas?

Por volta do ano 550 a.C., os israelitas criaram uma seqüência para o jantar (chamada de Hagadá) e a forma como os judeus celebram hoje é praticamente a mesma desde a época do Segundo Templo. Os elementos principais da celebração inclui o relato do Êxodo, três Matzôt (pães ásmos), 5 cálices de vinho – vide Lc 22.17-20 (cada um com um simbolismo diferente) e um um prato especial chamado “Keará” no qual os principais itens são: as ervas amargas (que nos lembram de como a vida era amarga sob a escravidão de Faraó); um osso de carneiro assado (que simboliza a oferta de Pessach - Ex 12:26), o Charôsset (uma pasta doce - vide Jo 13.26 - que lembra o barro que os filhos de Israel amassavam no Egito para fazerem tijolos).

A Brit Chadashá (NT) mostra que Yeshua (Jesus), quando celebrou seu último jantar de Páscoa com os discípulos, seguiu exatamente a tradição judaica vigente em sua época, essa tradição continua vigente (com poucas alterações) até os dias de hoje nos lares judaicos. Foi durante uma cerimônia de Pessach que Yeshua institucionalizou o que a cristandade chama de Santa Ceia.

Escrito por José Edivaldo

 

 

Como as famílias devem hoje celebrar esta data?

(Adendo copiado do artigo “O verdadeiro sentido da Páscoa” de Mateus Z. Guimarães)

 Os Judeus (sejam eles crentes em Yeshua ou não) celebram esta festa da forma descrita acima, pois ela é um estatuto perpétuo (Ex 12:14). Para os judeus crentes, esta festa é ainda mais especial, pois Yeshua (Jesus) é o nosso Cordeiro Pascal. Mas, e os cristãos não-judeus? Existem provas de que a Igreja, até meados do século IV d.C., celebrava a Festa de Páscoa como os judeus (com pães asmos e no dia 14 de Nissan) – I Co 5:8 e Cl 2:16. Algumas obras Patrísticas também atestam a mesma coisa (Peri Pascha – Melito de Sardes – século II d.C.). A Pascoa Judaica só foi proibida de ser celebrada no Concílio de Antioquia, em 341 d.C, e demorou quase 400 anos até que as pessoas tivessem deixado de vez esta tradição dos apóstolos. Assim, os cristãos de hoje deveriam obedecer ao apóstolo Paulo e seguir o exemplo dos primeiros crentes, realizando em suas igrejas e em suas famílias um jantar festivo, com pão sem fermento e ervas amargas, para se lembrarem de como a vida era amarga antes de conhecermos o Messias, e como ele nos resgatou com mão forte das garras do inimigo e da escravidão do pecado, e nos fez novas criaturas sem o fermento do pecado. Deveríamos todos celebrar neste dia como o sangue de Cristo foi derramado por nós, nos marcando e nos consagrando a Deus.

Ovo de páscoa… pode?

A Páscoa Cristã, oficializada em 325 d.C. no Concílio de Nicéia, foi instituída com o intuito de substituir a Páscoa celebrada por Jesus e pela Igreja até então. Nos países de língua anglo-saxônica a páscoa cristã é conhecida como “Easter”, mas nos países de língua latina a palavra “Páscoa” foi mantida como uma transliteração da palavra “Pêssach”, em hebraico). O nome “Easter” é proveniente de uma festividade de primavera celebrada por Assírios, Babilônios (e posteriormente Celtas), em adoração a deusa Ishtar (ou Oestre no mundo nórdico). Esta era a deusa da fertilidade, daí ovos e coelhos eram usados como simbolismos. Em outras palavras, qualquer historiador ou qualquer enciclopédia atestará que a origem do ovo e do coelho é pagã.

Se temos a verdadeira Páscoa que era celebrada por Yeshua (Jesus), pelos apóstolos e pela Igreja até o século VI d.C, porque deveríamos adotar costumes pagãos em nossas casas? Será que Jesus, se estivesse presente em carne e osso entre nós, endossaria a troca de ovos enfeitados e coelhos de chocolates? Que cada discípulo de Cristo verdadeiro saiba discernir a Fé que vive e ensina à seus filhos.

 

Através de Seu grande poder Adonai impõe rigorosa perfeição ao cronograma de eventos, os quais as festividades dizem respeito. Um exemplo disso é a axatidão de detalhes da festa de Pessach em relação a obra do Messias. Esse assunto é explicado mais claramente no artigo “A Páscoa Bíblica e o Messias”; localize-o através do menu “Artigos e Estudos” deste site.